Nove horas da manhã. Mexo nas cinzas. Racionalizo-me, mais uma vez. Neste marasmo de mim vejo passar a vida. À procura de mim, mas em vão, subo a rua. Paro no quiosque. A fúria contida aumenta com a leitura das parangonas dos jornais e impele-me a continuar. Desvio-me da prostituta que insiste em me aliciar. Atravesso para o outro lado da rua. Um carro apita-me.
Acordo.
Acorda-me os mistérios de mim. Viajo para o meu parque da infância, regresso à fraga da lage, à carvalheira, aos estalidos do soalho, ao quadro do menino sempre triste, aqueço as mãos à lareira, estanco na cozinha fuliginosa, esfrego os olhos ardentes pelo fumo e pelas noites sem dormir. Observo-os, procuro neles a existência deste abutre de mim mesmo que me devora as entranhas sem razão aparente. Ah!, se eu pudesse libertar-me deste peso que é sentir. Abdicaria de tudo para o conseguir. Felizes aqueles que se deleitam com telenovelas.
Abstraído dou comigo no Bolhão. Regresso ao caminho nunca caminhado.
Enfim... Sossego.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
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