quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Insomnia

Tenho vozes de mim na cabeça. Rio-me de mim, desta figura anacrónica à procura da razão, à cata das palavras que exprimam a causa desta insónia. De olhos roídos, vejo nascer e morrer o cursor numa sequência enfadonha, e nada me traz. Nem as palavras nem o sono de que preciso. Parado no tempo, fixo-o de olhos esbugalhados, confiante que acabará por me entorpecer, que me embriagará, e ele, ritmicamente, continua vazio, sem nada me sugerir. Mesmo assim, sigo-lhe o ritmo, vou atrás dele, trauteio-o, sigo-lhe as pisadas esperançado que este metrómono me traga ritmos, ritmos de um outro tempo, de um outro sentir.
Ele nesta itermitência da morte, eu nas intermitências da vida, entre a vigília e o sono, entre o tédio e o enfado continuo a contabilizar doentiamente o número de pestanejos, sempre em ciclos repetitivos.

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