O mundo exterior confrange-me, deprime-me, aumenta essa tendência doentia que há em mim. Confrange-me o tempo, o horror da vida, a incompetência de não saber captar os momentos, confrange-me a lógica, as razões que não entendo. Atormentam-me as interpretações dos sonhos sonhados e não sonhados, a descoberta que não vou além de uma rotunda, um círculo de sentimentos em perpétuo movimento, uma pedra de calçada recalcada, inexpressiva, cega, sem gracejos nem arremedos de dança.
Angustio-me com as cinzas da existência, com as luzes diretas que ofuscam e nada deixam ver, com a verdade simbólica das palavras.
Confrange-me a verdade dos poetas, verdadeiros manifestantes sem palavras de ordem, linhas retas que atravessam a luz e as trevas, a beleza e a loucura.
+ POESIA [Colectivo Penêdo] #23
Há 1 semana
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