O Sol de fim de tarde entra na janela estreita que, ainda assim, possuo. Leio. Na magia das palavras abrem-se-me outros mundos. Pouco a pouco o tempo encerra-se sobre si mesmo, autofagia-se, parece deglutir a última vaga da ilusão da vida. Uma após outra, palavra após palavra, as curvas da estrada abrem-se, a paisagem alarga-se e toma contornos de irreais. As memórias diluem-se-me no sabor aveludado das horas bacantes e eu esqueço-me da minha existência.
As palavras são assim! Têm dentro delas a magia dos símbolos e levam-nos a viagens sem necessidade de portas de embarque. Embarco ao sabor do vento e o peso do abominável feixe de lenha que carrego para me aquecer nos tempos de invernia alivia-se no bulício e no sossego de viagens fingidamente reais.
Viro a página.
+ POESIA [Colectivo Penêdo] #23
Há 1 semana
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