Quanto mais me contemplo mais primário me sinto. Quanto mais me isolo, quanto mais olho para dentro mais este pedregulho imanente se revela. Olho-me ao espelho vezes sem conta, assusto-me com a lama que me cobre a face, com a máscara que esconde a verdadeira expressão daquilo que sinto.
Abro a janela da alma e nunca consigo ver estrelas a brilhar, raramente o azul do Céu é um azul asseado e transparente, raramente bato palmas aos espetáculos televisivos, raramente o Sol de reflete em mim.
Esta saudade de um outro futuro revela-me sempre um mundo desasseado, trajado de vestes lavadas-sujas, oco, sossegado e inquestionável. Esta minha desolação revela-me cada vez mais a minha inexistência, a minha inutilidade.
Vem-me à memória o Voando Sobre um Ninho de Cucos e também eu me vejo a andar em círculos concêntricos em torno de um abismo desconhecido para matar as horas de tédio. Também eu olho permanentemente para o chão, como se procurasse algo de concreto, no entanto, não sei o que procuro.
Arrepio-me com o frio que sinto. Sinto que este sentir é cada vez mais um refúgio de uma desolação ébria que habita em mim.
Questiono-me: até onde conseguimos descer na nossa consciência?
segunda-feira, 16 de abril de 2012
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