segunda-feira, 2 de abril de 2012

Provocação

Hoje, e sempre, estou à procura de mim. Provoco-me. Rasgo-me, com as facas sem gume que possuo. Hoje enfrento-me com uma velha questão. Enfrento-me com a razão daquilo que sou e com a razão da minha existência. Dissolvo-me, portanto, numa solução amniótica daquilo que sinto e daquilo que me dão como verdade. Neste caldo hipertónico considero-me mera substância solúvel onde cabem todas as variações humanas.
É exatamente aqui que me vasculho internamente, e é aqui que dou como certo estar visível porque estou ligado a outros. Quando me desligo desta matriz, deste intrincado sistema de conexões, não existo, acinzento-me, sou apenas eu, o meu “eu” e as incoerências de que é feito.
Conhecendo-me assim, acreditando nesta verdade conectiva, permanentemente ligado a estes sistemas incertos, concluo que sou apenas um produto sensitivo de tudo isto. Não passo de mais um derivado errático de toda esta miscelânea.
Quem se atreve a julgar-me?

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