Voltei porque a dor do nada continua, voltei porque não descortino auroras, nem arremedos de madrugadas. Os sentidos continuam mortiços e a alma continua a fermentar palavras que, por vezes, libertam. Hoje creio nisso, amanhã talvez já não seja essa a verdade, amanhã talvez seja completamente diferente. Talvez! Talvez porque eu sou a antítese daquilo que me rodeia. Em mim tudo é caótico, tudo se altera em fracções de ilusão. Em mim dou como certo apenas a ausência do incerto. Apenas vejo rotinas em meu redor, sempre a mesma hora de levantar, o mesmo carreiro de carros alinhados, todos em direção ao mesmo, as mesmas árvores, as mesmas curvas... Em mim impera a carpidação existencial, medonha e confusa.
Voltei, e porque não dizê-lo, porque quero continuar a prostituir a palavras que por aqui lavro, eventualmente a alimentar voyeurismos, voltei, desta pequena quarentena, porque neste momento acredito que este impulso vital me ajudará nesta vacuidade dinâmica interna, me apagará as grandes névoas, falsas, independentes de mim, que me vêem à memória.
Voltei? Não!, nunca se volta...
2 comentários:
Belo texto! :)
E que seriam das palavras se nao fossem esses voyeurismos!? :) Bemvindo sem volta!
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