quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Escrever (Parte 1)

Escrever sem sentir o mundo é apenas descrever. Não me revejo na escrita meramente descritiva, por muito escorreita que seja do ponto de vista gramatical ou sintático. Escrever sem tentar colocar nas palavras a individualidade do mundo interior que todos nós possuímos, vivido de forma mais ou menos intensa, pouco mais é do que um ato de aprendizagem que se treina na leitura e no próprio ato de escrever.
Se há alguma beleza na literatura, essa beleza passa, no meu modesto critério, pela capacidade de reinventar o mundo que está à nossa volta, que todos nós vemos, mas que todos sentimos de forma diferente. Acredito que essa capacidade de reinventar o mundo não depende apenas do conhecimento científico que se possua. Não rejeito que esse conhecimento nos facilita a tarefa, mas, para além desse conhecimento científico, existe um outro muito mais humano, e que é também conhecimento, sem qualquer sombra de dúvida, e que passa pela tomada de consciência de nós e do mundo que nos rodeia e que, creio, pode existir no mais humilde dos seres humanos, mesmo que não possua vocabulário capaz para expressar o que vai no seu íntimo.

(Continua..)

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