sábado, 14 de julho de 2012

A feira


Estes sons calmos, sem bateria para marcar o compasso, parecem ter algum efeito analgésico sobre estas páginas em branco. Devolvem-me palavras lunáticas, imersas em vazio, devolvem-me palavras que me parecem ser a última ilusão do nada.
Procuro na personalidade dos transeuntes a crença de que necessito. Apenas me encontro na indiferença. Procuro neles esta apatia de mim mas não sou capaz de a encontrar. É minha, terrificamente minha! Parece-me tudo tão distante, tudo tão irreal que não sei se durmo se sonho.
Procuro no olhar dos outros este desespero permanente que se entranhou em mim. Nada! Não encontro uma ponte que ligue esta brecha. Estou só, rodeado de gente, e este estigma sangrante do tempo que não pára. Dói-me o meu mundo e dói-me o mundo dos outros.
Deixem-me ir...

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