Quase de forma distraída, caminhei, errei neste deserto de mim durante longas horas e, passo a passo, a dor do fingimento foi encontrando eco nas cordas melodiosas das palavras. Eu, inocente, como sempre, acreditei que o fardo que carrego me fosse libertando automaticamente desta hipersensibilidade doentia. A busca da minha razão, fim último da verdadeira existência, havia de me mostrar a verdadeira dimensão das Coisas e o meu sossego, finalmente, seria merecido. A minha Índia estava depois da próxima tempestade, estava nas brumas do passado, a minha Terra Prometida estava ali, estava mesmo ao virar da próxima duna, do próximo pensamento, acreditava eu, já sentia o cheiro a amor e mel, a beleza dos palmares, a suavidade do oásis em campo desértico.
Enganei-me!
Não vejo o vale verdejante, continuo errante, não há Terra Prometida, tudo não passa de uma miragem, só o meu sonho é real.
Sozinho, sempre sozinho, sigo-o...
+ POESIA [Colectivo Penêdo] #23
Há 1 semana
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