- Conseguiste chegar à outra margem, excelso Caronte?
- Eu não! Continuo atado a esta massa corporal. Mantenho este ofício de talhante, continuo a esquartejar-me em pedaços, sentado, estático. Continuo a arrepiar-me com os frios que nascem nas palavras que procuro, nos posters fora de moda que perduram nas paredes e me recordam um outro eu, continuo a minha busca nos livros que leio, ilustre barqueiro.
Leva-me! Não possuo óbulo para pagamento, eu sei, pagarte-ei na mesma. Serei o teu homem do leme, o meu último sopro de vida será o vento que guiará a tua magnífica carga à outra margem, a minha pele será a vela latina que suportará os ventos mais fortes, dos meus nervos construirás enxárcias, com o meu esqueleto repararás o cavername da tua velha barcaça.
Leva-me...
+ POESIA [Colectivo Penêdo] #23
Há 1 semana
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