Céu... Hoje embebedei-me de ti. Hoje senti-te, mesmo sem falares senti-te, todos os insanáveis mistérios que encerras se me acumularam. Hoje não tive olhos para te olhar, nem ouvidos para te escutar, hoje concebi-te em mim. Nessa milagrosa conceção percorro as palavras para te dizer. Ocorrem-me símbolos, sensações, sentimentos mas todos são imperfeitos. Sinto-te, e isso basta-me. Sei que existes porque te concebo no amargoso recanto da inexistente perfeição. Concebo-te na infinitude do vazio, na margem serena da contemplação e sempre a montante do silêncio.
Céu... Hoje na harmonia azul que me deste, provavelmente imerecida, chorei por nada possuir para te oferecer. Elevei-me em ti, eu sei, e eu, agnóstico, inconformado penitente, mendigo, descrente de mim mesmo e sem verbo capaz, nada posso fazer por ti.
quarta-feira, 9 de maio de 2012
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