Há pressa em mim. Os dias brandos e calmos são uma ficção, um engano de mim, um prozac. Em mim o tempo corre depressa, esvai-
-se na metamorfose constante daquilo que nunca fui, na resignação do desassossego que nunca terei, escoa-se vertiginosamente nos incontáveis sentires do ponteiro dos segundos, nos pensamentos não pensados, nas palavras que ficaram por dizer, na consciência daquilo que não sei.
Em mim o tempo embarca constantemente nas lendas do sonho, navega num navio à deriva, sem leme nem âncora. Flutua sózinho, guia-se pelas nuvens e as estrelas, sem terra à vista, com um timoneiro falhado, incapaz de alcançar o horizonte perdido.
Tenho pressa ingénita em mim. Os dias calmos são um fingimento da minha inexistência, a abstração da minha razão, são a mudez do amanhã.
Em mim o tempo adormece logo acima da minha cabeça, vive na prateleira dos livros que sei não conseguir ler, apesar de os ter comprado.
terça-feira, 29 de maio de 2012
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