sábado, 24 de abril de 2010

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sons do Tempo - 4



Todas as crianças no parque
Procuram a escultura para descobrir onde estás.
Todos os cegos na escuridão, seguem-te.
Sabes para onde vais?
Todos os viajantes no caminho
Libertam-se da carga e vêem para onde vais.
Todos os mortais com suas perdas
Seguem-te para qualquer lugar, seguem-te.
Sabes para onde vais?
Filósofo,
Olha ao teu redor,
Verás que estão por todo o lado,
Todas essas pessoas estão caindo.
Filósofo,
Podes sobreviver no mundo que ensinas?
E podemos viver no mundo que pregas?
Toda a gente está fora desse alcance.
Todas a gente quer mais,
Têm necessidade de seguir um filósofo.
Os ricos e os pobres
Seguem-te para qualquer lugar, seguem-te.
Sabes para onde vais?
Filósofo,
Olha ao teu redor
Verás que estão por todo o lado,
Todas essas pessoas estão caindo.
Filósofo,
Podes sobreviver no mundo que ensinas?
E podemos viver no mundo que pregas?
Todas a gente está fora desse alcance.
Filósofo,
Olha ao teu redor
Verás que estão por todo o lado
Todas essas pessoas estão caindo.

sábado, 17 de abril de 2010

O nevoeiro


O caminho estava cada vez difícil de percorrer. Não porque surgissem pedregulhos que impedissem o andamento, bem pelo contrário, não faltavam máquinas escavadoras e niveladoras a desbravar o caminho. A dificuldade era de outra monta. Um nevoeiro imbecilizante impedia de ver a direcção do caminho. Os marinheiros navegavam com terra à vista, os aviões não levantavam voo, os caminheiros, impotentes, aguardavam em casa, pacientemente, que o maldito nevoeiro se dissipasse.

domingo, 11 de abril de 2010

Ser cego


Nunca tinha visto a luz do dia. Para ele a geometria das coisas era extasiante. Para ele que não conhecia a geometria da natureza o significado das palavras tinham sempre um encantamento especial, todos os seus referentes eram maravilhosos. Ele que nunca tinha visto as cores da doença, que nunca tinha visto a cara da fome quando lhe restituíram a visão entrou em depressão profunda. Aquele não era o seu mundo, preferia a cegueira.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Nunca olho para trás


Fui-me. Um emaranhado de sentimentos percorreu-me o corpo. Jurei nunca mais voltar. Queria estar longe, longe daquele turbilhão de emoções que afluiam sem perceber a sua origem. Fugi.
Hoje sei que o nascedouro era um desassossego de dúvidas sistemáticas que me perseguiam há muito tempo, mas consegui libertar-me delas. Pode até ser um poema do tamanho do mundo, como dizes, mas não existe: caro amigo, o “se...” não existe, não me convences, não existe!Ponto.