domingo, 28 de agosto de 2011

Banquete dos sentidos

Sirvo o aperitivo e aprecio as formas femininas das fragas. Depois, depois banqueteio-me com o verde servido em diferentes tons e em diferentes formas. Ora são pontos verdes, ora são linhas, ora uma massa informe que sobe e desce indefinidamente. Devoro com sofreguidão néctares que me chegam aos sentidos. Não resisto aos paladares e, sem talheres, sem etiquetas sociais, tudo devoro apressadamente. Depois, empanturrado, corro, corro… corro vertiginosamente monte abaixo e percorro as rugas da gigantesca manta de retalhos que se inicia aos meus pés. Passo acima do alinhado casario que se avista lá ao fundo. Aceno aos transeuntes que olham abismados. Atravesso ribeiros, aprecio a velha ponte de arco romano, toco as copas dos predizentes carvalhos, atravesso lameiros e depois desato a subir. Subo, subo, subo… E a pergunta impõe-se. Aonde nos leva o céu?

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

domingo, 14 de agosto de 2011

Mais fundo…


No princípio eram os “Indignados”. No início do verão as televisões não se cansaram de repetir. Era gente anónima a protestar sentado, a fazer lembrar os movimentos de contracultura da década de 60 do século anterior. Agora, de repente, foi a revolta londrina, a surgir do nada, quase espontânea. Mas será espontânea? Não será a outra face da mesma moeda?
Avance a razão, avance a ciência. Dêem dois passos em frente os sociólogos e os psicólogos. Estudem a doença e descubram o vírus, antes que seja tarde. Inquietem-se. Mostrem-nos a verdade.
É preciso ir mais fundo, é necessário Descascar a Cebola, como diz Günter Grass, retirar camada após camada, perceber qual a origem dos sinais. É preciso ir mais fundo e ser capaz de percepcionar os acontecimentos sempre numa perspectiva histórica e sociológica porque, em boa verdade, nada acontece por acaso. É preciso ir mais fundo porque os acontecimentos têm sempre causas. Todos sabemos que à acção corresponde sempre uma reacção de força igual e sentido diferente. Vá-se ao fundo, não se fique apenas pelas imagens das televisões que apenas nos mostram aquilo que gostamos ver.