domingo, 30 de outubro de 2011

Ainda o equilíbrio…


- Esse equilíbrio é demasiado genérico para eu o aceitar – contrapôs o sicrano depois de pensar um pouco. Para mim o equilíbrio nada tem a ver com forças, sejam elas físicas ou emocionais. São antes peças de personalidade, pechas de carácter… talvez até arquétipos judaico-cristãos que não encaixam na natureza de uns tantos.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O equilíbrio


A conversa era longa, de dias. Tinha desembocado ali por acaso.
- O que é para ti o equilíbrio? – instou o fulano.
- Forças cujo somatório se anulam – respondeu o seu interlocutor, prontamente, como se estivesse à espera da pergunta.
- Não brinques comigo, não do ponto de vista físico, mas sim do ponto de vista emocional.
- Continua a ser a mesma coisa, meu caro – respondeu em tom amical. – Para mim é a mesmíssima coisa, pode é ser mais difícil de encontrar nesse ponto de vista. Fisicamente falando esse estado pode manter-se indefinidamente, desde que as condições não se alterem. Do ponto de vista emocional é periclitante e momentâneo. As forças podem ser alteradas a todo o momento e, por isso, nem sei se existe. Assim como não sei se a felicidade existe. São ambos estados tão pessoais que variam da perceção do momento.
- A isso chama-se instabilidade - rematou.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Ponto de não retorno

Definição de "ponto de não retorno".
Ponto a partir do qual não é possível regressar. Ponto de viagem espacial a partir da qual já não existe combustível para voltar ao ponto de partida. Momento a partir do qual as atitudes até aí tomadas não deixarão de ecoar na nossa vida. Momento a partir do qual as decisões tomadas, ou não, roerão as nossas consciências.

domingo, 23 de outubro de 2011

Bee happy


- Ah!... como seria fácil se me pudesse libertar destas grilhetas sociais, seguir apenas o caminho das pulsões. Como seria libertador não olhar para o lado, entrar simplesmente no nosso mundo, o nosso mundo interior, ignorar os outros e o mundo que construímos com eles. É tentador seguir esse individualismo, mas será possível?
- Carp diem – rematava ele em jeito de resposta.
- Será possível "colher o dia" sem olhar para o futuro? Será possível "colher o dia" sem, conscientemente, esquecer o mundo construído à minha volta? Será possível "colher o momento" e recusar a disciplina em que todos os dias me contruo e que me vai arrastando até ao momento da verdade?

sábado, 15 de outubro de 2011

Convocação das Fúrias

- As Fúrias da “Indignação” ergueram-se. Aqueles sentimentos de animal que habitam no nosso submundo, o submundo dos nossos medos ergueram-se e crescem em sucessão exponencial matemática.
- Ergueram-se ou foram convocadas por constante provocação? - instou o seu interlocutor.
E sem esperar resposta continuou:
- Cuidado! A globalização parece ter chegado, também, a esse canto do Inferno. Do Olimpo, teimam em avançar polícias em vez de sociólogos. Teimam em erguer cassetetes em vez de reconhecer a Razão.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Emerson, Lake and Palmer



Will you stand up or will you freeze
That savage woman make you please
Turn your inside outside in
Still you don't know where she has been
Living sin

(...)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Cuidados de saúde

Todos sobreviveram. Não pelos cuidados médicos, que não tiveram, nem tão pouco pelos cuidados familiares que não existiam, ambos estavam demasiado envolvidos na sobrevivência de todos. A mãe, apesar de meiga e terna, não tinha um minuto livre, nem para lhe limpar os moncos, uma azáfama constante preenchia-lhe o santo dia. O pai, não parava em casa, saía de manhã voltava à noite. Sobreviveram pela rusticidade física herdade geneticamente, mas não pelos cuidados de saúde.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Enfrentando a morte

- Quero morrer em casa – disse ele aos filhos quando se sentiu despedido pelos médicos.
A morte nunca o incomodou. Sempre a aceitou com a normalidade da vida. Era um céptico, o seu desconhecimento nunca lhe impôs outros comportamentos que não fossem os da sua consciência. Queria morrer em casa, queria morrer como morreram os seus ancestrais: rodeado pelos filhos, pedir-lhes perdão por aquilo que fez e que podia ter feito.
Queria encará-la de frente, sem ilusões de viver indefinidamente, encará-la como sempre fez aos homens: com verdade. Olhá-la-ia, sem medo, nos seus olhos infinitamente sapientes, que lhe reconhecia ter. Deixar-se-ia enlevar pelo seu doce relaxe muscular. Caminharia com ela lado a lado, como companheiros de uma viagem, a sua terceira e derradeira viagem, a viagem ao início da noite.
A velocidade da ambulância em que seguia parecia corresponder aos seus desejos. Estava com pressa de saber a verdade, de conhecer a alquimia da vida, o conhecimento autêntico e genuíno. Finalmente ia ter a sua cruzada apocalíptica. Finalmente ia poder saber de onde veio. Finalmente ia entrar no seu mundo onírico e desordenado, o mundo dos seus fantasmas e dos seus medos, um mundo repleto de figuras incriadas e paradoxais que sempre o assaltaram mas que nunca matou, porque sempre as tentou compreender.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

The Who



(...)

I'm Free-I'm free
And freedom tastes of reality,
I'm free-I'm free,
And I'm wating for you to follow me

(...)

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O Elogio da Loucura

Hoje contactei com alguém que tinha estudado no estrangeiro integrada no "Programa Erasmus" e porque, também hoje, acabei de ler o Elogio da Loucura associei os dois factos e resultou esta estulta ideia:

Habitualmente, quando ouço falar na necessidade de cooperação entre os diferentes Países de Língua Oficial Portuguesa a conversa é sempre a mesma: é necessário criar pontos de cooperação, é necessário estimular o intercâmbio cultural em todas as áreas e, depois, como sempre, as dificuldades financeiras acabam por ter sempre o seu peso, etc. Enfim, é só intenções. As dificuldades são de toda a ordem e as coisas acabam por se arrastar, arrastar ao longo dos anos. E porque é assim, e acredito que essas dificuldades existem mesmo, pergunto (não sei a quem) se faria sentido criar “programas de cooperação” entre alunos dos diferentes países dos PALOP, permitindo, também ele, a mobilidade de estudantes e professores? Programas do género do ERASMUS. Será isto possível? Será que, com os anos, não acabaria por dar pontos de contacto e gerar a tal cooperação que tanto se deseja? Será isto viável, ou não passa de mais uma ideia da estulta filha de “... Plutos gerador único dos homens e dos deuses por muito que custe a Homero, a Hesíodo e ao próprio Jove”, filha essa que não procede “…do Caos, nem do Orco, nem de Saturno, nem de Júpiter, nem de nenhum desses deuses obsoletos e poeirentos.”?