terça-feira, 26 de maio de 2009

O senhor Novo-Rico

O senhor Novo-Rico é, nem mais nem menos, o produto de andarilhanças desvirtuadas do comboio: valorização excessiva dos valores materiais. O desenfreado desejo de lucro, o desejo desmesurado de abundância, que faz espécie, e aquela insatisfação permanente, só pode conduzir, inevitavelmente, ao aparecimento de tais especímenes. Se fosse só ele! estava o mundo bem! mas não, multiplicam-se como rattus norvegicus que, segundo dizem tudo povoam, desde o Círculo Polar Ártico ao Círculo Polar Antártico. Quando lhe cheira a dinheiro, não olham a meios para atingir fins. De vibrissas erécteis, dentes arreganhados e longas garras aguçadas, a esgadanhar tudo, a subir a qualquer árvore, a entrar a qualquer arquivo, em qualquer negócio, nada lhes escapa, vendem a própria mãe, se der lucro. Alimentam as mais sombrias cavernas, os mais macabros desejos libidinosos, perfuram as mais profundas tocas do inconsciente: tudo se inventa, tudo se compra. Quem não os seguir, arrisca-se a ser apelidado de Neanthertal.

domingo, 17 de maio de 2009

Os velhos.

Ensine-se. Ensine-se história nas escolas. Criem-se centros de lições aprendidas, centros de interpretação, organizem-se congressos de história, não se deixe parecer que o mundo começou agora, não se deixe passar a ideia de que todo o passado não merece crédito. Valorizem-se os velhos. É preciso ouvi-los, escutá-los, entendê-los, é preciso ter a certeza que todos percebem, que tudo aquilo, o já vivido, conta. É preciso valorizá-los. Deixem-nos ser eles a julgar, eles sim, têm a sabedoria do bom-senso e a justeza do meio-termo.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Qual verdade?

Qual verdade? a verdade sou eu. Eu! que tenho armas, sou a verdade, estou acima de todas as coisas. Que ninguém me questione, que ninguém me aponte o dedo, eu! sou o verdadeiro salvador zé-ninguém. Eu sou o teu libertador. Entrega-te zé-ninguém. Liberta-te na escravidão.

sábado, 2 de maio de 2009

D. Quixote.

Ficou na dele, o pai descarregou a sua ira, mas nem por isso deixou de procurar a companhia do novo amigo, não o achava nada perigoso conforme lhe fez acreditar o pai, pelo contrário, achava apaixonantes as suas ideias de igualdade, o seu conceito de homem, agradava-lhe aquele acreditar em algo que lhe parecia grandioso, até pode ser considerado utópico, mas não deixava de lhe parecer heróico defender as suas verdades com todo o seu querer, como um Che, ou um D. Quixote, alienado e crente, a combater com afinco as atafonas de vento.