terça-feira, 26 de maio de 2009

O senhor Novo-Rico

O senhor Novo-Rico é, nem mais nem menos, o produto de andarilhanças desvirtuadas do comboio: valorização excessiva dos valores materiais. O desenfreado desejo de lucro, o desejo desmesurado de abundância, que faz espécie, e aquela insatisfação permanente, só pode conduzir, inevitavelmente, ao aparecimento de tais especímenes. Se fosse só ele! estava o mundo bem! mas não, multiplicam-se como rattus norvegicus que, segundo dizem tudo povoam, desde o Círculo Polar Ártico ao Círculo Polar Antártico. Quando lhe cheira a dinheiro, não olham a meios para atingir fins. De vibrissas erécteis, dentes arreganhados e longas garras aguçadas, a esgadanhar tudo, a subir a qualquer árvore, a entrar a qualquer arquivo, em qualquer negócio, nada lhes escapa, vendem a própria mãe, se der lucro. Alimentam as mais sombrias cavernas, os mais macabros desejos libidinosos, perfuram as mais profundas tocas do inconsciente: tudo se inventa, tudo se compra. Quem não os seguir, arrisca-se a ser apelidado de Neanthertal.

2 comentários:

Amaral disse...

Sá Gué
Este epécimen que aqui nos descreves, e muito bem, parece-me habitar muito ao nosso lado. Infelizmente, os chicos-espertos abundam por todo o lado.
Abraço

Júlia Ribeiro disse...

Olá, Sá Gué:

Tenho passado de fugida, lendo os textos, mas sem tempo para mais nada.
Estes medonhos roedores - tal como a guerra "que tudo come e consome" - conseguem, na sua ganância desenfreada pelo dinheiro e pelo poder, destruir pessoas, valores e princípios. Não só venderiam a mãe, como a não reconheceriam como mãe.
Foi esta a praga que nos coube em má sorte.

Um abraço
Júlia