Avaliar o talento é só para alguns, não para mim. O sentido estético é relativo, os valores são subjectivas, as sensibilidades diferentes… Por tudo isso sinto-me incapaz de julgar as aptidões dos outros. E, pelas mesmas razões considero-me inábil para dar conselhos, é-me penoso fazer a apologia desta ou daquela obra, deste ou daquele ponto de vista.
Posto este preâmbulo, e sempre com as devidas ressalvas, atrevo-
-me a dizer que a obra
84 Charing Cross Road, a ser publicado brevemente em português, com a chancela da
Lema d´Origem, é o mais belo romance de amor pelos livros que alguma vez li. Não é um livro com discursos psicológicos a apelar à leitura, não é um livro de especialistas a analisar o esteticismo do autor à luz das verdades estilísticas estudados, nem tão pouco um precioso discurso de um exegeta a esquadrinhar o pensamento do artista. Não há ciência nesta obra, há simplesmente sentimentos.
O
84 Charing Cross Road são cartas, cartas simples entre uma escritora americana e um livreiro Inglês que nunca se viram, que amam profundamente os livros e, contido nesse amor casto que ambos nutrem por esse objecto parece querer germinar um outro também misteriosamente platónico.