Como ele inquietava consciências!Escrevia nas paredes... Acusava-os de comerem tudo e não deixarem nada. Enaltecia o dom Malapeira que nunca se deixou levar pelos francos e se manteve agarrado ao terrunho, enobrecia a necessitada rebusqueira da amêndoa, engrandecia o cantar dos pássaros que no seu chilrear matutino davam conselhos de vida: poupa, … poupa, … tem-te-na-raiz,… tem-te-na-raiz. Cantava gente anónima: a Rita, o Casimiro, a Etelvina e o Barnabé. Escrevia palavras que até um cego via. Louvava a formiga que vinha em sentido contrário. Visionava um comboio descendente onde vinham todos à janela, uns calados e outros a dar-lhe trela. Cantava corações inteligentes, cantava a solidariedade dos homens e mandava trazer mais um amigo, cantava o dia em que o pintor morreu, os ribeiros, as fontes, o vento, cantava a utopia.
1 comentário:
O Zeca ! Um coração aberto. Um grande poeta e um cantor que nos encantava, comovia, incitava à luta e nos arrepiava! Sobretudo um HOMEM HONESTO. E um grande Amigo.
Obrigada , pelas suas sentidas palavras.
Um abraço
Júlia Ribeiro
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