Para chegar a Santiago de Compostela, nesse dia, seria necessário percorrer cerca de 120 km, o que, à partida, não estava nas nossas contas. O cansaço era muito, e percorrer essa distância depois de 700 Km pedalados, não era fácil. Não havia grandes declives, nos perfis do terreno que nos foram fornecidos em S. Jean-Pied-de-Port, e que íamos visualizando a todo o instante, era um sobe e desce constante, sem haver grandes montanhas a vencer. E foi nessa ânsia de chegar ao topo de mais uma subida, para beneficiar da descida, que se foram percorrendo dezenas de quilómetros debaixo de uma chuva constante. Desde o dia anterior que praticamente não tirava fotografais, fiz uma foto do marco 100, e pouco mais. Quando quis fazer mais uma ao antigo Hospital de Peregrinos de Santo Antão, em Ribadiso de Baixo, e à bonita ponte medieval sobre o rio Iso, no bucólico vale, onde por coincidência fiquei sem alforges da bicicleta, a máquina não funcionou. A chuva foi, sem dúvida, a grande presença neste dia, e ela foi a responsável por decidirmos não pernoitarmos, outra vez, num albergue qualquer do caminho. Estávamos ensopados, no dia seguinte teríamos que vestir roupas molhadas, e isso, foi a causa para que tomássemos a decisão, acertada, de seguir até Santiago, provavelmente reconfortados pelo belo almoço que fizemos em Melide.
Não foi um dia, como foram os primeiros, para refrescarmos a cabeça nas fontes de água fresca, sempre incentivada pelo grupo que se ria com tal comportamento, não foi dia para descansar às sombras das bonitas Igrejas que foram desfilando e que ficaram meias apagadas na minha mente, não foi dia para apreciar os bonitos cruzeiros que se vêem em muitas encruzilhadas, nem tão pouco para fazer montículos de pedras, que nos divertia, e era a forma antiga de marcar o caminho.
BUEN CAMIÑO!