sexta-feira, 27 de maio de 2011

Enfeirar

Enfeirar é levantar-se de manhãzinha, colocar gravata a combinar com o fato, e deixar-se conduzir entre abraços e beijos, se calhar pagos, pelas ruas apinhadas de gente.
Enfeirar é deixar de discutir os problemas do país, lançar ideias vagas, não muitas, que o povo não é dado a coisas complicadas, para isso já bonda a vida.
Enfeirar é ter sempre por perto uma câmara de televisão que irá repetir e ampliar as irregularidades do terreno, os tropeções nos lancis do passeio e gravar os risos trocistas de quem assiste.
Enfeirar é…

quarta-feira, 18 de maio de 2011

domingo, 15 de maio de 2011

Jogos

- Quem ganhou o debate? – perguntou o jornalista ao experimentado comentador.
E ele, o comentador, na sua alta capacidade argumentativa, imediatamente encontrou duas ou três razões que justificam a sua escolha. E eu, Zé Povinho, pergunto-me se um debate político se pode reduzir a um jogo de damas. Eu, jovem licenciado, preparado para a vida, preocupado com o meu futuro, pergunto-me que propostas me podem salvar desta aflição. Eu, carregador de albardas, que me sinto injustiçado pela falta de rigor, quero saber qual o limite da irresponsabilidade política. Eu, basbaque, analfabeto, de índex apontado percorro as páginas do dicionário à procura do significado da palavra “mediocridade”.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Pensamento

- Dá-lhe música… - disse o Fulano ao Sicrano.
Eu bem sei que o Fulano não lhe queria dizer isso com um outro sentido. Eu, que o conheço bem, sei perfeitamente que, ao dizer “dá-lhe música…”, queria ajudá-lo-ia a retemperar forças, a exaltar-lhe o espírito, a ajudá-lo a crescer. Mas ele, o Sicrano, não entendeu assim. Ele estava a querer ludibriá-lo, estava a esconder-
-lhe a verdade. Ele não era homem de músicas, era demasiado austero para se perder em folguedos musicais. Morreu assim: ignorante. Nunca percebeu que a verdadeira grandeza vem da mente e não da matéria.

domingo, 1 de maio de 2011

Erga-se…


Quem sabe a direcção do caminho? Erga-se quem não tem dúvidas do objectivo a perseguir. Defina-o. Desenhe-o. Pinte-o. Pinte-o com as cores do País, não com as cores que todos gostamos de ouvir. Pinte-o com as cores do trabalho não com as cores do novo-
-riquismo. Pinte-o com as cores do rigor e não com as cores do facilitismo.
Quem sabe onde há terras a descobrir? Erga-se quem sabe marear e quer verdadeiramente navegar. Não a navegar com terra à vista, navegadores desses já todos foram experimentados. Navegar é navegar em mar aberto, navegar sem ver terra mas ter a certeza que ela existe e é possível lá chegar.
Quem acredita naquilo que pensa? Erga-se quem, verdadeiramente, acredita naquilo que diz, e é capaz de assinar com o seu próprio nome. Não se esconda atrás de aconselhadores de imagem, de sondagens, de inverdades repetidas incessantemente que correm o risco de tornar verdades. Já conhecemos esses truques…
Erga-se… Nós segui-lo-emos.