sexta-feira, 13 de abril de 2012

Carregando a morte

Quem não carrega a morte? Todos! Não passamos de mortos-vivos que, mascarados pelas horas que nos absorvem, se infiltram em nós, nos despojam dessa deusa omnipresente. Olhamos para o lado, disfarçamos, vestimos de cor e não de preto, alindamo-nos, dançamos, mas todos estamos potencialmente mortos, todos somos elementos virais infectados por uma gangrena física que nos decompõe permanentemente.
Não passamos de hospedeiros dessa necrosante benção leal que nos cobre, a semelhar um véu transparente, e nos ata a um minúsculo espaço temporal que o tempo apagará.
Que diferença há entre as caveiras carregadas e os mortos-vivos? Nenhuma! Não tardará que outros nos carreguem e que, também eles, transportem a nossa caveira em sacos inexistentes de uma pequena viagem ilusória. É uma questão de tempo, não há variáveis que possamos alterar.
É nesta realidade que tudo se passa: esta é a breve clareira do desconhecimento repleta de cores e sons que nos ofuscam. Este é o cenário, nós, não passamos de atores que representamos uma híbrida trágico-comédia, sempre com um final feliz. Tudo se passa nesta incógnita floresta temporal, doentia, que não aceitamos existir.
Não vamos além das emoções que sentimos, não vamos além da indiferença e do amor que nutrimos uns pelos outros.
Todos estamos infectados!

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