sábado, 20 de outubro de 2012

Arquiteturas




É um condenado à deriva. Gosta de caminhar sozinho e rápido, provavelmente, na tentativa de se encontrar mas, por razões que desconhece, chega sempre atrasado. Verga-se aos medos acumulados, relaciona o passado sempre em silêncio, repisa a lava que dele brota mas as palavras saem-lhe sempre desconexas, maleáveis, sem a razão de ciência. Tudo lhe é estranho. Alegrias de sociabilidade, dispensa-as. Grinaldas de vaidade liberta-as no mar de confiança pelos outros, não nele. Nele, encurrala as nuvens silenciosas, os ventos tempestuosos, o sol de sentires...
Ele é um condenado às galés. Veleja entre o real e o irreal e não sabe distinguir a diferença. Desfralda as velas para escutar os sussurros de estátuas imortais, as cores, as formas, mas tudo são mistérios do horrível.

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