quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A Ilha

A casa era uma das doze minúsculas casas, dispostas em “U” invertido, que podiam ser apelidadas de bonecas, constituíam a “VILA ANTONIETA”, uma aldeia em miniatura, de cujo nome elegante e romântico não transparece a vida de contubérnia a que obrigava. A casa de banho comum, um cubículo encolhido com espaço apenas para uma sanita, camuflava-se como que envergonhado, no interior de um caramanchão de heras, postado a um dos quatro cantos do logradouro comum; pátio de entrada para todos os casinhotos, cortado a meio e a todo comprimento por um estendal, onde aventados andrajos drapejavam como bandeiras, quer fosse verão ou inverno, quer chovesse ou fizesse sol. As paredes, revestidas a plástico e a jornais amarelecidos pelo tempo, não passavam de tabiques grosseiros, cuja opacidade resultava apenas para o olhar.

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