Terminava a epopeia, era tempo de soltar amarras, esbanjar, libertinar, era tempo de acreditar que “O POVO-UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO”, mil vezes gritado de punho erguido descendo e subindo ruas e avenidas.
Regressavam da Taprobana, vinham de velas enfunadas, agora da respublica, exibindo cravos vermelhos em vez da cruz do Infante. Não as via, mas estavam lá todas, adernadas; a Bérrio, S. Gabriel, até S. Rafael lá está... velejavam num mar agitado, dissolvidas num nevoeiro espesso como a noite, vinham de mastaréus quebrados, enxárcias destruídas, olhos tristes, semblantes desanimados. Dir-se-ia que fustigadas pelas fúrias do Áfrico velejavam de velas rasgadas, ao longo de toda a ocidental praia lusitana, onde o mar se acaba e a terra começa, ou então por vingança do Neptuno – obrigado a vergar-se à vontade do Gama –, de tridente em riste, furibundo, se ergue dos abismos abissais do Oceano, as devolve depois de longos lustres agasalhadas nas costas de África. E não traziam
Canela, cravo, ardente especiaria
Ou droga salutífera e prestante;
Ou se queres luzente pedraria,eram antes destroços de vida.