sábado, 17 de outubro de 2009

O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza

A televisão mostra os cardenhos, os ratos, a insalubridade. Uns vultos humanos saídos das sombras de um outro mundo, que infelizmente todos nós conhecemos, apressam-se a abrir a porta, a mostrar a indignidade em que vivem. Provavelmente amanhã, ou depois, surgirá a notícia de uma alma muito caridosa que ao arrepiar-se com a dureza dessas imagens lhes ofereceu uma casa condigna. Dois dias depois surgirão as mesmas figuras a agradecer a filantropia, a grandeza humana do rosto tal.
E aquele caso aquele que ninguém conhece, que nem quer aparecer na televisão porque se sente culpada dessa indignidade e sente vergonha de ir buscar a sopa que a Câmara, em tempo de eleições, distribui. Sim! Refiro-me àquele caso em que o pai perdeu o emprego e a mãe se esfalfa a limpar escadas dos prédios, mas a magreza do salário não estica até ao fim do mês. Aquele caso, mesmo ao seu lado, a quem o estado não reconhece o direito de lhe atribuir um subsídio para os livros da filha, e cuja mãe agradece muito que na escola lhe dêem de comer sem pagar.

2 comentários:

Daniel de Sousa disse...

€ 406 - eis o limiar oficial da pobreza. Mas o limiar moral não é definível.Enquanto houver uma criança com fome ou um velho que adia a vergonha de pedir para amanhã,ou uma família que reparte o nada, seremos indignos da nossa própria natureza. Mas a indignidade é, cada vez mais, próprio de ser-se humano.
Daniel

Wanda Wenceslau disse...

Olá!
O Brasil é um pais onde a injustiça social é gritante, principalmente numa cidade como São Paulo, onde o salário mínimo é estipulado pelo governo em 465 reais(162 euros) , existem lojas (que vendem para uma minoria da população), onde uma bolsa de marca famosa custa 50.000 reais , e tem quem compra.
O preço mencionado da bolsa, daria para comprar um casa média num bairro periférico.
Essa desigualdade social é que estimula a violência nestas terras do Brasil.
Aqui, para os donos do poder econômico, os pobres só se tornam humanos quando se ajustam pacifica e humildemente à sua condição de subalternos. Qualquer tentativa de equiparar conceitual e humanitariamente os "de cima" aos "de baixo" é considerada uma injustificada e inadmissível subversão dos valores tradicionalmente duais. Coisa de marxista sanguinolento...
Se vocês acham que têm problemas por ai, imaginem seu país duplicado por 95 vezes a extensão territorial e 18 vezes a população, vocês teriam um problemão!
Principalmente se tratando de um pais de terceiro mundo ou seja, mais de mil anos mais novo em civilização, como é o caso do Brasil.
Sei que a comparação ai é feita com outros paises da Comunidade Européia, portanto acho válido que vocês reivindiquem que o dinheiro arrecadado dos impostos seja revertido em atendimento as necessidades básicas da população.
Abraço
Wanda


São Paulo-Brasil