A partir do momento em que o
homo pouco sapiens foi possuído pelo senhor
Cifrão, todas as relações são baseadas nesse valor. Exemplos não faltam, ainda ontem os jornais noticiavam corrupção, ainda ontem assisti ao enaltecimento desse dignificante valor da natureza humana.
– Vai ter que deixar metade do valor do custo do trabalho. – Informou o empregado da loja. Rapaz novo.
– Porquê?... Está a desconfiar de mim? – Inquiriu o cliente, homem na casa dos 40, nitidamente incomodado por tal exigência.
– Não! Nem pensar. – Asseverou o empregado já um pouco embaraçado para se justificar. São as regras da casa. Está a ver aqueles trabalhos ali – e apontava para um canto da loja –, eram todos clientes de confiança.
– Irrita-me, severamente, quando desconfiam de mim sem me conhecerem de lado nenhum. – Resmungou o cliente – à medida que pegava nas folhas que colocara em cima do balcão e saía, irritado, provavelmente, à procura de outra empresa que lhe fizesse o serviço.