domingo, 31 de janeiro de 2010

Searas

Nos montes em redor não havia palmo de terra que escapasse à enxada, não havia fenda de fraga ou carcavão que não desse centeio. Da Canadinha ao Bravio, dos Marmeirais à Penacurva eram searas ondulantes a perder vista. Lá do alto do Malhãozinho, por onde botava o caminho, as vagas de ondas luminosas dos trigos vagueavam pelas encostas. O olhar alienava-se ao vê-las cirandar docemente, ficava-se de olhos arregalados a vislumbrar aquela onda que subia monte acima, devagar, a perder de vista, sem se perceber muito bem quando aquela terminava e se iniciava outra.

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