domingo, 30 de janeiro de 2011

Beleza

- Que a beleza a decore – dizia o mestre ao aluno quando este, na sua inocência, se propunha elaborar a obra de suprema beleza, aquela que o libertaria das garras da morte.
E o aprendiz, agarrado ao plano horizontal que o papel definia na superfície da mesa, apenas com comprimento e largura, fazia esboços e mais esboços, procurava com toda a sua força intelectual e física convencer o mestre da inevitabilidade da sua razão.
O mestre olhava-o com admiração, seguia-lhe o pensamento, acenava nas entoações de voz, encrespava a testa quando não o entendia ou lhe parecia que as palavras eram pobres para explicar a beleza de tal conceito.
Não o desiludiria. Nunca lhe diria, como a ele lhe disseram que “...a obra perfeita é aquela que não se acaba”. Deixá-lo-ia sonhar, deixá-
-lo-ia construir-se com as pedras da utopia.

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