Tinha medo de saltar a fogueira. Aquelas labaredas a desafiar a lei da gravidade, a erguerem-se para os céus, aterrorizavam-no e toldavam-lhe a razão. Aquela miríade de lumaréus a subirem misteriosamente fascinavam-no, surgiam-lhe como sendo almas a libertarem-se desta dimensão terrena. Naqueles momentos de arroubo, um qualquer ente libertava-se do seu ser, provavelmente celta, e ele ficava, longamente, a fitar a fogueira que continuava a engrossar a todos os minutos que passavam.
De repente enchia-se de coragem e desatava a correr. A respiração acelerava, as labaredas aproximavam-se, o fumo do futuro era cada vez mais denso, mas, corajosamente saltava, nada o podia fazer parar. Quando aterrava do outro lado todos os medos tinham sido mortos, aquela chama de raiva que minutos antes o consumia, deu lugar à luz da chama sulfurosa e regeneradora. As fúrias evaporaram-se, os desejos foram renovados, as frustrações desapareceram.
No rescaldo interior acabou por se encontrar.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário