terça-feira, 1 de novembro de 2011

As Histórias que o Povo Tece – Contos do Marão

Não andarei muito longe da verdade se disser que atualmente há uma geração de escritores transmontanos, e é a última, que ainda vivenciou uma determinada ruralidade, uma determinada forma de ver e de estar no mundo. Se isto é verdade, este é o tempo oportuno para registar momentos, sentimentos e histórias como estas que a autora nos descreve de uma forma tão genuína e tão autêntica.
Esta é a geração que ainda ouviu estórias à luz da candeia, que se arrepiou com as travessuras dos trasgos, com os faunos que nasciam de trás das árvores, com os lobisomens que se transformavam em noites de lua cheia, com as “almas do outro mundo” que povoavam os caminhos pedregulhentos que se percorriam antes do sol nascer ou depois de o mesmo se pôr. Esta é a geração que escutou um certo linguarejar, que conhece a Força desse léxico que nos define, que conhece bem a Sabedoria que passava oralmente em redor de uma fogueira crepitante e aconchegante, e que está em vias de desaparecer.
Esta é a geração de escritores transmontanos que conhece a Beleza dessa cultura, que nos fez, que nos define, e que, por força dessas circunstâncias, tem a obrigação e até a responsabilidade de a fixar na escrita. Só assim as gerações vindouras poderão conhecer-nos, e conhecerem-se, só assim, quando esses traços idiossincráticos já não existirem, quando já todos formos europeus, quando só a cultura anglo-saxónica povoar o seu imaginário, ao menos saibam que estas foram as suas origens, e foram nelas que os seus avoengos se construíram e à qual se orgulharam de pertencer.

PARABÉNS À AUTORA!

Apresentação,
Local: Escola Secundária Camilo Castelo Branco (Vila Real)
Data: 4 de Novembro pelas 21H30
Ver mais...

Sem comentários: