sábado, 19 de novembro de 2011

Um dia de outono

O dia deu em chuvoso. De repente um vendaval levantou-se, sem que nada o esperasse, e levou tudo com ele. Levou tudo! Foi violento. Mesmo o raizame mais profundo abanou. Os galhos abanaram, as folhas soltaram-se, esvoaçaram, redemoinharam e acumularam-se a um canto, a semelhar páginas amolecidas e amarelecidas de um livro. Perante tamanha violência vergo-me, deixo-me levar pela força dos quatro ventos que me assolam. Pergunto-me por mim? Quero saber quem sou?
Olho para trás e vejo-me. Vejo-me cheio de tédio, um tédio granítico mas amigo. Uma lapa abrigada à sombra deste leixão constantemente fustigado pelas ondas de uma existência escusada.
Gostava de me poder sossegar sem ter sossego. Gostava de nada sentir, de poder caminhar cego, surdo e mudo.
Volto à prisão.

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