quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Delta de um rio




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Dir-se-ia que essa foz de rio que corre dentro dele é um delta largo e amplo, repleto de ilhas habitadas por deusas e deuses autofágicos, que se mantêm à custa da sua ignorância. Um delta de intrigas e interrogações que se cruzam com batimentos cardíacos desconexos, respirares ofegantes, sons silenciosos difíceis e, por fim, tudo resulta na necessidade compreender, despropositada, fóbica, que o enlouquece.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

O sono


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Meteu-se novamente a caminho. Animado pela descoberta ficou longas noites de vigília, leu mais livros, deixou entrar outros tantos silêncios, subiu ao cume das montanhas, percorreu florestas cheias de lobos e, num parágrafo mais abaixo, finalmente, surgiu o sono.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O salto para dentro



O salto para dentro não é um momento, é um processo. O salto não acontece, vai acontecendo. Vai acontecendo quando vemos os seres por nós criados pendurados na secura do deserto.Vai acontecendo quando, ao longo do tempo, colocamos as palavras no tabuleiro de xadrez onde nos movimentamos, e elas, que assumem sempre diferentes valores, revelam-nos as nossas impotências e incoerências. Vai acontecendo quando as notas musicais desenham constantemente, ao longo das noites, bailados abstractos, mesmo à frente dos nossos olhos e não as conseguimos manipular. Vai acontecendo quando as emoções tomam diferentes cores no canto da tela do pensamento, e não as conseguimos pintar.
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terça-feira, 13 de agosto de 2013

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A Nix



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Tu, que és cemitério de securas,
horto químico fecundo,
ensina-me a olhar em frente.
Só em ti colho verduras primaveris,
só em ti meço distâncias e memórias,
só em ti bebo clarões,
fogos-de-santelmo reveladores
de tremendas inquietudes.

sábado, 10 de agosto de 2013

A estrada de Jack Kerouac



(...)
Ainda não aprendeu a conjugar esse verbo. Ainda crente que há um caminho para a felicidade meteu-se estrada fora. Não pela estrada que o Jack Kerouac percorreu, essa não lhe interessava, ficava demasiadamente à superfície. Não que alguma vez a tivesse feito, mas sabia que não o levaria a lado algum. Essa, já ele a tinha experimentado sentado à sombra do velho castanheiro. Essa liberdade de existir como pedra rolante, sem musgo, não existia verdadeiramente.
(...)

terça-feira, 6 de agosto de 2013

As palavras



Não! Definitivamente, as palavras não fazem falta a ninguém. Apenas servem para transpor a barreira de um suposto real, simples e comum, e não possuem qualquer outra serventia. Quando, pretensiosamente, pretendem dar corpo ao mundo interior de cada um, se se tentar materializar, nunca chegam aos outros com o real sentido das mesmas. É como se existisse um universo intermédio que as disforma ou, então, por incapacidade a intersecção dos dois mundos é impossível. Quando assim é o melhor é calares-te, tudo o que possas dizer será usado sempre contra ti.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Dans le Port d Amsterdam Jacques Brel english and french subtitles




[...]

Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui dansent
En se frottant la panse
Sur la panse des femmes
Et ils tournent et ils dansent
Comme des soleils crachés
Dans le son déchiré
D`un accordéon rance
Ils se tordent le cou
Pour mieux s`entendre rire
Jusqu'à ce que tout à coup
L'accordéon expire
Alors le geste grave
Alors le regard fier
Ils ramènent leur batave
Jusqu'en pleine lumière

[...]