O senhor Novo-Rico é, nem mais nem menos, o produto de andarilhanças desvirtuadas do comboio: valorização excessiva dos valores materiais. O desenfreado desejo de lucro, o desejo desmesurado de abundância, que faz espécie, e aquela insatisfação permanente, só pode conduzir, inevitavelmente, ao aparecimento de tais especímenes. Se fosse só ele! estava o mundo bem! mas não, multiplicam-se como
rattus norvegicus que, segundo dizem tudo povoam, desde o Círculo Polar Ártico ao Círculo Polar Antártico. Quando lhe cheira a dinheiro, não olham a meios para atingir fins. De vibrissas erécteis, dentes arreganhados e longas garras aguçadas, a esgadanhar tudo, a subir a qualquer árvore, a entrar a qualquer arquivo, em qualquer negócio, nada lhes escapa, vendem a própria mãe, se der lucro. Alimentam as mais sombrias cavernas, os mais macabros desejos libidinosos, perfuram as mais profundas tocas do inconsciente: tudo se inventa, tudo se compra. Quem não os seguir, arrisca-se a ser apelidado de
Neanthertal.