quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Boas Festas!

Fiquem bem, fiquem com o Natal inquietante do PEDRO CASTELHANO.

Quando o Natal chegar
liberta o pirilampo e liberta a Luz
arruma a ternura e arruma a casa.
E areja o sótão da tua infância.
Quando o Natal chegar
dá música aos surdos
e palavra aos mudos
afaga laranjas nas mãos frias
e figos secos ao luar
e amêndoas de Agosto a quem chegar
e limões, e ácidos limões, em teu lugar.

Quando o Natal chegar
à beira do rio olha a outra margem
cheia de sombras, pedras e perdas
e abre os braços, colunas e apontes
e começa a alma qual piano
Na translúcida mágoa de nada tocar.

Quando o Natal chegar
Jesus já passou sem passar
na barca do tempo, entre margens
sem rio, mas à beira de naufragar.
Quando o Natal chegar
não leves granadas para casa
nem pombas para qualquer lugar.
Caça pombas ao anoitecer, morcegos
da tristeza e olhares cegos e vazios.

(…)

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