sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Escrever (parte 2)

Escrever é ser capaz de detetar esses leves momentos impressivos que todos nós possuímos e conseguir colocá-lo nas palavras. Escrever é entrar na nossa escuridão e nela conseguir descortinar a mais leve fímbria de luz. Talvez eu seja um impressionista, talvez me interessem muito mais as cores interiores do ser humano, mesmo que sejam em tons negros, que o cinzentismo da realidade. Talvez me interesse mais o movimento do pensamento que o quietismo marchante e alinhado das palavras. Talvez me interessem mais as palavras perfurantes, que abrem brechas em nós, do que as ideias românticas e amenas que se me revelam pelas manhãs.
Escrever é para mim, e cada vez mais, afogar-me conscientemente no oceano do pensamento, procurar sentido nas sombras sem sol, juntar os cacos escondidos e partir em busca do tesouro perdido no templo humano.
Escrever é tentar definir o nada, que é tudo, para parafrasear o poeta.

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