domingo, 2 de setembro de 2012

O mar


As ondas sucedem-se, ciclicamente, numa aparente serenidade. Os navios passam ao largo deste mar surdo e absurdo onde me afogo. Confesso: ele é o meu íntimo abismo de refúgio. Nele alcanço as iludidas bóias, ele é a praia de pedras nuas onde me sento, onde encontro caminhos de algas oscilantes que dançam ao sabor das marés, que crescem em direcção a uma superfície inexistente. Ele é a angustiante canção, de sal e silêncio, que me embala e me conduz às profundas águas de mim. Ele é o charco das palavras onde distingo o negro do branco, onde finjo conhecer aquilo que desconheço.
Ele é a minha verdade, a verdade das pequenas coisas.

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