sábado, 20 de dezembro de 2008

As férias.

Nas férias e nos dias de nomeada, e sempre que o trabalho da fábrica o permitia, metiam-se no comboio na Estação de S. Bento e “ia à terra”, como dizia. A filha já espigadota, torcia o nariz, mas ele não lhe permitia que ficasse, e lá ia contrariada. Dizia que se sentia aborrecida, não conhecia ninguém, não tinha amigos. O que era verdade, mas ele, não queria saber disso. Fazia questão de continuar a ajudar os pais no amanho dos “charabascos”. Sentia-se profundamente ligado àquela terra, e, ademais, os pais estavam a ficar velhos, as forças começavam a faltar, e então, era uma ajuda que eles muito apreciavam. No tempo das colheitas apareciam sempre os irmãos, que estavam lá para Lisboa, afora o mais novo, o Manel, que vivia em Paris, por ter fugido á guerra. Ao pai muito lhe custou, para ele, foi como se lhe arrancassem os fígados, mas depois, com o passar do tempo, e vendo bem as coisas até tinha razão, acabava, dessa forma, por apaziguar os seus pensamentos.

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