Fiquem bem, fiquem com o Natal inquietante do PEDRO CASTELHANO.
Quando o Natal chegar
liberta o pirilampo e liberta a Luz
arruma a ternura e arruma a casa.
E areja o sótão da tua infância.
Quando o Natal chegar
dá música aos surdos
e palavra aos mudos
afaga laranjas nas mãos frias
e figos secos ao luar
e amêndoas de Agosto a quem chegar
e limões, e ácidos limões, em teu lugar.
Quando o Natal chegar
à beira do rio olha a outra margem
cheia de sombras, pedras e perdas
e abre os braços, colunas e apontes
e começa a alma qual piano
Na translúcida mágoa de nada tocar.
Quando o Natal chegar
Jesus já passou sem passar
na barca do tempo, entre margens
sem rio, mas à beira de naufragar.
Quando o Natal chegar
não leves granadas para casa
nem pombas para qualquer lugar.
Caça pombas ao anoitecer, morcegos
da tristeza e olhares cegos e vazios.
(…)
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Tudo é passageiro
Antes que termine o dia, antes que a noite me apague a consciência de existir quero, mais uma vez, dialogar comigo. Quero encontrar razões para continuar a descrever paisagens que não existem, a burilar sem buril ou a pintar sem pincel e, sinceramente, não as encontro. Passo em revista tudo o que foi escrito e é como se estivesse debruçado sobre um espelho de água. Tudo não passa de uns farrapos de memória, pequenas arrelias, grandes preocupações. Quando me parece ter aberto uma porta logo outra encontro fechada, parece-me interminável esta busca, quando na realidade tudo tem um fim. Talvez prozac! Pela segunda vez sinto que não faz sentido continuar.
Na vida tudo e todos passam!
Talvez o novo ano me traga mais alento, coisa que hoje não tenho.
Até lá!
Na vida tudo e todos passam!
Talvez o novo ano me traga mais alento, coisa que hoje não tenho.
Até lá!
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Fio de Ariadne
Quanto maior é ânsia de compreender maior o abismo cavado. Tendo abster-me de pensar, libertar-me do produto deste intrincado circuito de sinapses, que não conheço, que não sei onde começa e onde termina, mas que, paradoxalmente, parecem possuir vontade própria. Não me obedecem! Sigo o fio de Ariadne mas logo se me escapa uma ponta e se inicia outra. Levanto-me, ando de trás para a frente, respiro fundo, espreito à janela… nada surte efeito. É impossível controlar este monstro chamado pensamento! É de tal forma poderoso, tão profundamente humano que é irrealizável sair deste dédalo de emoções e pensamentos.
- Age – segredam-me ao ouvido.
Agir é a fórmula para sair do labiríntico mundo interior, concluo.
- Age – segredam-me ao ouvido.
Agir é a fórmula para sair do labiríntico mundo interior, concluo.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Ânsia
Às vezes, na ânsia da vida, abrimos portas que nunca suspeitaríamos. No nosso mundo interior acabamos, muitas vezes, por descobrir outras realidades tão distantes e tão próximas que, suspeito, nos ultrapassamos a nós próprios. Criamos paisagens luarentas e não só, fazemos amigos interiores, encontramos beleza em sorrisos e olhares que nunca existiram antes ou, se existiram, estavam recalcados nas profundezas do nosso inconsciente, lá bem no fundo do iceberg, onde os medos e as pulsões vagueiam desordenadamente como lobos esfaimados. Nesse Mundo ilusório, cuja substância é o silêncio, acabamos por ser caixeiros-viajantes, argonautas, fonte de ribeiros, contadores de histórias que nada valem mas que quase se tornam realidade. Há muita magia no abrir destas portas.
domingo, 18 de dezembro de 2011
Desde o "Nada" até ao "Ter"
Não sei! Cismo. Monto-me no pensamento e cavalgo, cavalgo à procura de nada, de algo para escrever, e deparo-me com o “nada”. Rebusco as palavras, procuro conceitos, leio Kant, Sartre… mas desisto, já tudo foi definido. Regresso a mim e entro no meu vácuo. Dói-me a imaginação de tanto rebuscar. Procuro! Procuro em mim, e nos outros, a massa, o peso, o centro de gravidade do "Ser" e também não o encontro. Deparo-me com o "Ter".
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
A verdade
As dúvidas adensavam-se e terminavam sempre com o mesmo comentário: quero a verdade, que parece faltar. E a resposta era sempre a mesma:
- A verdade foi aquela que ficou dita.
Era como se o quisessem obriga-lo a dizer a sua, deles, verdade. Que verdade lhe deveria contar? A verdade do País? A verdade dos Senhores?...
- A verdade foi aquela que ficou dita.
Era como se o quisessem obriga-lo a dizer a sua, deles, verdade. Que verdade lhe deveria contar? A verdade do País? A verdade dos Senhores?...
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
The Doors
(...)
Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes...again
(...)
A porta de indigência
Os barulhos da fome foram diminuindo, a luz também, e com ela a vontade de não querer existir. Lentamente entrou nessa porta. Um mundo que desejava conhecer profundamente, penetrar nas profundezas da sua alma. Enlamear-se na existência humana, emporcalhar-se na merda da sua indigência genética. E, lentamente, deixou-se ir.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Vertigens
(A imagem encontra-se protegida por direitos autorais.)
Às vezes, quando subo à torre de menagem dos meus pensamentos, sinto vertigens. Lá do alto das ameias olho e descortino apenas o fosso profundo que os cerca. Estou só. Arrepio-me! Viro a cara, anulo-me, reprimo-me, mas uma força desconhecida impele-me a olhar. Vejo-me suspenso no ar, de olhos esbugalhados, à procura de verdades que se dissolvem no escuro, mesmo debaixo dos meus pés. Agarro-me a elas com todas as minhas forças mas quebram-se, caem como castelo de um baralho de cartas. Desnudo-me, à procura de mim, à procura dos “conceitos absolutos” que sempre dei como certo e não os encontro. Estão ausentes. Descubro apenas que nada valho. Não passo de uma mera massa corporal disforme.
Às vezes, quando subo à torre de menagem dos meus pensamentos, sinto vertigens. Lá do alto das ameias olho e descortino apenas o fosso profundo que os cerca. Estou só. Arrepio-me! Viro a cara, anulo-me, reprimo-me, mas uma força desconhecida impele-me a olhar. Vejo-me suspenso no ar, de olhos esbugalhados, à procura de verdades que se dissolvem no escuro, mesmo debaixo dos meus pés. Agarro-me a elas com todas as minhas forças mas quebram-se, caem como castelo de um baralho de cartas. Desnudo-me, à procura de mim, à procura dos “conceitos absolutos” que sempre dei como certo e não os encontro. Estão ausentes. Descubro apenas que nada valho. Não passo de uma mera massa corporal disforme.
domingo, 11 de dezembro de 2011
Eros e Thanatos
Velhos amigos. A um procuramo-lo ao outro caminhamos inexoravelmente para ele. Um faz parte do caminho, nasce e morre no mesmo dia, se necessário for, o outro é o fim do mesmo, a noite eterna. Um é perene o outro é fugaz. O bizarro de tudo isto é que conseguem semelhar-se num ponto: a “petite mort”.
Braveheart
Tenho este filme como um dos melhores. Agrada-me a ideia romântica de a partir de uma história simples, de amor e de injustiça profunda, chegar, praticamente, à grandiosidade da construção de um país.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
No âmago...
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Pintando a vida…
domingo, 4 de dezembro de 2011
Metafísica
Nesse instante o céu e a terra, o bem e o mal, a vida e a morte concentraram-se nele. Ele viu a luz e a matéria negra do Universo em simultâneo. Foi estranho e medonho! Nesse instante ele foi núcleo de todas as forças existentes no interior do Homem. Protão e neutrão, partículas quânticas de uma física desconhecida. Ínfimas partes, física e mentais, de um todo que constituía a sua curta vida.
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