segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Bugiadas - 4

Quando já todos maldiziam o Reimoeiro e já uma espessa nuvem escurentava as suas vidas, quando já oravam de mãos postas há longos dias pedindo perdão dos seus pecados, e não obtendo sinal divino das preces ofertadas, o desânimo começava a alastrar, como uma praga peçonhenta, inacreditável!,... abandonados pelo próprio santo, estavam capazes de o mandarem às favas, mas milagrosamente aconteceu o inesperado, eis que rebenta uma bernarda, duas… três… quatro… uma algazarra imensa atravessa as grossas paredes do roqueiro alcácer. Ouviam tudo: os trons das pedras fortemente lançadas pelas partazanas ao embaterem nas robustas portas de castanho, a assuada que parecia aumentar sempre que um pelouro era disparado e acertava no objectivo. Depois surgiram os batimentos ritmados de aríete a fazer suspeitar que a porta estava preste a ser ultrapassada. O cheiro a pez queimado entrava-lhe pelas narinas dentro. Os gritos de incentivo do Reimoeiro, a denotarem medo, sobrepunham-se ao vozeio. Era o assalto ao Castelo, eram os Bugios, a tribo vizinha que vivia em terras próximas, não sei se mais guerreira se mais agrícola, vinham em sua ajuda. De cara tapada, armados de varapaus, forquilhas, e de uma fantástica serpe, entraram rompantes e sem tardanças, libertaram os “bons”, que nestas lendas o “bem” vence sempre, e agrilhoaram os “maus”.

Sem comentários: