quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Direita e esquerda

Pedalava devagar que a estrada agora subia. Na valeta ao lado direito os maravalhos estiolados, arrastados pela enxurrante trovoada de verão de há dois dias atrás, acumulavam-se de onde em onde, formando pequenos açudes. As marcas dos pneus desenhavam-se na terra ainda húmida. Agora levava o olhar ferrado no serrilhado do limiar do alcatrão que se sucedia, meio esboroado, à canhota da cobrejante roda dianteira. A sua sombra projectava-se na estrada, ora alongava ora encorpava, rodava à velocidade da bicicleta da esquerda para a direita ao longo de todas as curvas, depois, trepava pelo talude, como que a agigantar-se, cortava os silvedos bordejantes para finalmente mais à frente adquirir uma forma asténica, alongada, ao longo de mais uma recta. De quando em vez alçava o olhar, computando a distância que faltava para chegar ao topo.

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