domingo, 12 de agosto de 2012

Julgar ideias


As horas de silêncio encharcaram-me. Inundaram-me de propósitos e contingências. Como sempre, nele refaço-me vezes sem conta, caio e levanto-me, morro e renasço sempre ao sabor das ilusões, sempre montado nas minhas dúvidas e nas verdades dos outros.
Neste labor maldito, nesta floresta de sentires, todas as horas junto os cacos de mim, em todos os minutos organizo a mala das memórias. Nela retenho as minhas aproximações, afasto as dúvidas, o tédio de ser, mas arranjo forças para seguir. Sei que subo ao cume das dunas para sair da minha alma desértica, sei que sigo no campo da minha infância e que persigo os sonhos que ficaram por resolver, sei que na mochila carrego apenas a incompreensão e o destino. Julguem-me! Quem julga sonhos submersos, quem? Quem julga ideias, quem? Deixem-me… Quero ser eu, este outro eu! Quero ser o “eu” silencioso e fúnebre, sonhador e indiferente, imperfeito e incógnito.

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