terça-feira, 14 de agosto de 2012

Vazio

Hoje nada registo em mim. Encarrego-me de não viver, de não possuir emoções, consegui fechar as portas deste ermitério e nada sentir. Nem ódio nem amor, nem alegria nem tristeza. Tudo me é vácuo, nada me interessa. Como consegui chegar até aqui? Não sei. Sei-me apenas deserto. Tudo se esvai no esquecimento de mim, nas memórias de nada, na infinitamente pequenez do mundo, nas algemas da liberdade. Tudo desaparece no fumo do cigarro, nas sombras de mais um dia de névoas sebastiânicas, nas nuvens cinzentas de uma espera infinita pela primavera que teima em não existir.
Nada se me revela nas coisas, nem visíveis me parecem ser. Aboli barreiras, transpus as minhas utopias na esperança de encontrar volume na minha interioridade mas tudo permace dogmaticamente vazio. Hoje, pela primeira vez, nem o vazio sinto, encarrego-me de não o sentir.
Todo o mundo está em mim e eu, miraculosamente, não o sinto.

Sem comentários: