quarta-feira, 13 de junho de 2012

Não tenho emenda!

Vivo numa cela de emoções com grades de razão. Não passo de um preso faminto de nada, sedento de coisa nenhuma. Sou um zé-
-ninguém que nem o Wilhelm Reich soube descrever. Sou antes o borra-botas que o Aquilino Ribeiro descrevia tão bem, aquele que vive embrenhado numa existência pequena porque as coisas grandes não as consegue compreender. Sou aquele que vive sonhos medíocres, o inocente que ainda acredita na felicidade, aquele que não sabe intuir o tempo, que vive no seu mundo e não acompanha as mudanças. Sou aquele que não se compreende a si próprio, ignorante, míope, aquele que não percebe que a vida nos dá coisas e nos retira outras.
Não tenho emenda. Embarco em navios e não sei que existem cais. Viajo em mim e creio que tudo é real, ainda não consegui entender a diferença entre estes dois mundos.
Não tenho emenda. Sei que a escrita não me trará o que procuro, no entanto, continuo a desnudar-me todos os dias.
Até quando?

1 comentário:

vanyamarta disse...

A escrita traz-nos o maior dos nossos maiores conflitos...