terça-feira, 5 de junho de 2012

Só!


Estou só! Aqueles de quem gosto afastam-se, como se sofresse de alguma doença contagiosa, as memórias evaporam-se, volatizam-se como éter, os sentimentos cansam-me, as mágoas avolumam-se, respostas ficam por dar... A minha consciência política desapareceu, reduzo o contacto social ao mínimo, excluo-me do mundo, sou cada vez mais ermo de mim, uma estátua solitária, não vou além de um gemer de portas a encerrarem-se constantemente.
Vivo na periferia do meu subúrbio bafiento mas finjo ser o centro. Finjo espontaneidade, alegria, paciência, amor, finjo “estar” quando em boa verdade navego constante em mim, finjo viver a vida como se ela tivesse sabores, mas perdi o paladar, não passo de um fingimento esmagado por não ser.
Apetece-me mudar de alma, apetece-me dizer tudo, errar pelas palavras, mesmo por aquelas que estou proibido de dizer. Regressar ao futuro, deixar de esconder a cara com as mãos, voltar à escola para novas aprendizagens, sem intervalos dolorosos em mim e muito menos nas estradas que teimo em percorrer em vão.
Estou só!
Resta-me o Céu onde não consigo chegar...

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