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O que eu mais queria era que a inquietude da cadeira onde me sento desaparecesse, que deixasse de girar e eu, finalmente, pudesse rir de mim. Rir como um alcoólico, sem nexo, rir do absurdo, da insatisfação contida, do desconhecido. Queria entornar o copo de vinho e ser capaz de rir da minha realidade, da consciência dos outros, dos tropeções e do bom senso fingido. Ser capaz de gargalhar do pavor do outro, da falsa moralidade, das aparências disfarçadas, rir sem propósito dos remorsos adiantados de um futuro inexistente.
O que eu mais queria era não dizer nada. Contradizer-me em todas as horas, falsear-me a mim próprio e não sentir.
Queria simplesmente estar, mexer sem existir e esboçar sorrisos como a menina da tabacaria.
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