domingo, 18 de março de 2012

Fugas

Esta descoberta de mim, este caminho marítimo em direcção ao oriente que venho cultivando neste blogue, e não só, está-me transformando. Quando iniciei estas sondagens, quando comecei a picar o caminho minado deste meu mundo interior, confessei para mim próprio que este processo terminaria quando estivesse em carne viva, e que, nesse futuro, este espaço terminaria com um livro, se possível.
Não me parece que já esteja nesta fase, penso que há muita escuridão para explorar, muitas contradições por esclarecer. Não creio, portanto, que esteja nessa fase, sinto que há ainda muitas revelações por fazer, muitos tédios para esclarecer mas as diferenças sentidas são cada vez mais acentuadas.
As emoções e os sentimentos são-me cada vez mais fortes e cada vez mais insuportáveis de viver. Já não sou o mesmo, a hipersensibilidade adquirida ao longo deste processo, torna-me interiormente mais rico mas exteriormente mais pobre. Os olhos rasam-se-me de água com memórias, arrepio-me com o meu imaginário, é-me cada vez mais difícil suportar conversas banais, venham elas de onde vierem. Telenovelas sejam elas televisivas ou profissionais incomodam-me. Cada vez mais admiro os ascetas. Estou a ficar insuportável para mim e para os outros.
Apetece-me sair definitivamente do mundo externo. Apetece-me cada vez mais ficar cego surdo e mudo e viver simplesmente a minha realidade.

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