quarta-feira, 28 de março de 2012

Noite

Gosto da noite! Não da noite das cidades, dos néons, dos locais apinhados de gente. Gosto de entrar pela noite dentro, sozinho, de me escutar nos pianos de mim, nos solos de guitarra violentamente eletrizante, mil vezes repetidos, e conseguir detetar a força das palavras apenas pela melodia. Encontro nesta trindade tricéfala ilusória, e eu incluído, uma carruagem de viagens viciante, um sistema integrado de coerência e analogias no qual me integro e desintegro com facilidade. Tudo se me unifica nesta minha ciência de sonhos abstrativa e volátil. Nela, nesta Unidade de sentimentos, por momentos compreendo-me, por instantes reconheço a minha inexistência e nela trato esta vesânia que me afeta e me molda disformemente.
É nesta fluidez rítmica que consigo pensar, é nesta ilusão, sempre fingida, das palavras que consigo dizer, é neste sangue espiritual que consigo existir e encontrar razão para a arte, sinónimo de sensibilidade humana.

Sem comentários: