sábado, 4 de fevereiro de 2012

Ainda a alma humana

Quem me dera conseguir revelar a alma humana. Se conseguisse os textos não teriam que ser enigmáticos, as palavras não teriam que ser poliédricas nem de tendência dúbia. Não necessitaria de recorrer a metáforas, ou a qualquer outra figura de estilo que lhe tira realismo mas que nos projeta para uma outra dimensão, a verdadeira, a dimensão humana. Mas o poço é tão profundo, há nele tanta escuridão, está tão repleto de viscosidades, de incongruências, de visões que não a consigo captar de outra forma sem ser assim.
Quem me dera conseguir mapeá-la. Seria, de certeza, trabalho de uma vida, intenso, de vitórias e derrotas, de crenças e descrenças, mas uma vida rica. Mas que vida! Quem me dera saber assinalar nesse mapa, os caminhos, as estradas, as curvas de nível, os acidentes topográficos, registar em todos os momentos a latitude e a longintude, criar sinalética para a tomada de consciência das nauseas bélicas, dos caprichos, da ambição desmesurada...
Quem me dera saber em que proporção molecular se devem combinar as emoções, as sensações, as impressões, os sentimentos, a fé...
Quem me dera!

2 comentários:

Fio de Prumo disse...

A espécie humana caracteriza-se nas suas contradições. É nessa riqueza, onde cabe tudo, onde coexiste o bom e o mau (sem bússolas, mapas ou GPS), que acontece a maravilha da diversidade. É bom saber que existe alguém como o Sá Gué, que reflete sobre a vida e sobre própria existência, sobre essa essência que é tão universal em todos nós!

António Sá Gué disse...

Obrigado! :-)